Equipe do JN flagra máquinas derrubando a floresta no Pará


Em uma região de Paragominas, no sudeste do Pará, a floresta ainda estava de pé em janeiro. Mas a partir de março, começou a devastação.


O Jornal Nacional mostra um flagrante de crime ambiental. Repórteres do JN no Pará encontraram máquinas derrubando a floresta em área identificadas pelos sistemas de alerta do Inpe e do Imazon.

Num ponto em Paragominas, Sudeste do Pará, a floresta ainda estava de pé, em janeiro. Mas a partir de março, começou a devastação. O alerta fica numa área de difícil acesso. Quando não foi mais possível seguir de carro, a equipe do JN usou um drone para se orientar, mas ainda estava longe. O jeito foi seguir a pé e mais um quilômetro por uma área de pastagem.

A equipe finalmente chegou ao ponto exato do desmatamento indicado pelas imagens de satélite. E só assim, de muito perto, é que é possível ter a real noção da destruição da floresta. Primeiro as máquinas abriram uma estrada no meio da mata e já destruíram dos dois lados. Tratores já devastaram grande parte da vegetação e foi possível ouvir um trator, em plena atividade, no meio de árvores.

A máquina derruba várias árvores ao mesmo tempo. Em três meses, a floresta perdeu uma área do tamanho de 50 campos de futebol.

Em outra região, as derrubadas atingiram uma área de regeneração e avançam pelas beiradas de uma floresta nativa. A equipe encontrou um trator limpando o terreno.

Kleberson se apresentou como dono do lote e não mostrou autorização para desmatar: “Aqui já era pasto e ele está só retirando os paus para poder passar uma grade e replantar onde está faltando capim”.

O desmatamento avança numa área que está em disputa na Justiça. Em 2002, a fazenda começou a ser invadida. Na época, tinha 86% de floresta nativa. Hoje, tem menos de 17%.

Entre os mais de 60 posseiros que ocupam a área, estão políticos de Paragominas. Em 2020, o vereador Alessandro Marques de Almeida, do PSDB, teve parte do sítio embargada por desmatamento ilegal.

O repórter ligou para ele, ele confirmou a identidade, mas quando foi perguntado se era dono do sítio, desligou.

Às margens do rio Capim, a equipe encontrou uma área de lazer com restaurante e pousada e foi informada de que, para alugar, teria que falar com Achilles Augusto Ferreira, que é secretário de Infraestrutura de Paragominas.

Por telefone, Achilles disse: “Desde o início da pandemia que eu parei”.

O repórter perguntou: “O senhor tem a dizer alguma coisa em relação a isso?

“Não, não. Você ligou, só comigo pessoalmente. Obrigado”, disse Achilles, deligando em seguida.

A polícia do Pará está investigando as invasões. Segundo peritos, as atividades ocorrem sem autorização dos órgãos ambientais.

A Secretaria de Meio Ambiente de Paragominas declarou que atua constantemente para coibir desmatamentos ilegais. A Secretaria de Meio Ambiente do Pará afirmou que embargou 39 áreas na região.

Postar um comentário

0 Comentários