Governo Lula exonera superintendente regional do Ibama no PA e de outros estados

Ao todo, foram 47 exonerações no Ministério do Meio Ambiente. Rafael Angelo atua como consultor de pecuaristas e produtores de soja. Ele já foi indiciado pela PF e denunciado pelo MP do Pará por ilícitos ambientais.



Uma portaria, assinada pelo ministro da Casa Civil do governo Lula, 
Rui Costa, exonerou o superintendente regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no Pará, Rafael Angelo Juliano, além de superintendentes de outros 20 estados.

Ao todo, foram 47 exonerações no Ministério do Meio Ambiente, incluindo cargos de alto escalão e superintendências regionais do Ibama. Veja lista:
  • Bruno Pinheiro Dias Semeghini - Goiás;
  • Daniel Charliton Rodrigues - Rio de Janeiro;
  • Davi de Sousa Silva - São Paulo;
  • Fausto Goes Leite Junior - Sergipe;
  • Glauco José Corte Filho - Santa Catarina;
  • Kenny Wilson Bernardo da Silva - Alagoas;
  • Luiz Antonio Correa Luchesi - Paraná;
  • Luiz Renato Fiori - Espírito Santo;
  • Mauricio Moura Tavares - Bahia;
  • Rondinelle Silva Oliveira - Rio Grande do Norte
  • San Martin Coqueiro Linhares - Piauí
  • Sergio Eduardo Simões - Pernambuco;
  • Gibson Almeida Costa Junior - Mato Grosso;
  • Jose Harlam Fernandes Aguiar - Amapá
  • Rafael Angelo Juliano - Pará;
  • Valter Dias Patricio - Roraima;
  • Antonio Vicente Cocco Cargnin - Rondônia
  • Carlos Eduardo de Oliveira - Amazonas;
  • Brena Bringel Bastos - Maranhão;
  • Isac Braz de Cunha - Tocantins;
  • Waldemir Moreira Junior - Mato Grosso do Sul;

Ibama no Pará

Superintendente do Ibama exonerado no Pará, Rafael Angelo é engenheiro florestal e dono de uma empresa em Marabá, no sudeste do estado, que presta serviço de consultoria a pecuaristas e produtores de soja, incluindo envolvidos com infrações ambientais e desmatamento. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira (13).

À época da nomeação dele, em abril de 2022, o Ibama informou que Rafael Juliano foi indicado "com base em critérios técnicos" e "possui ampla experiência na área ambiental, com especializações focadas em agropecuária, gestão em zona rural, perícia judicial, dentre outras".

O consultor também já foi indiciado em 1999 pela Polícia Federal. Em 2022, ele foi alvo de denúncia pelo Ministério Público do Pará (MPPA) por suspeitas de irregularidades.

Segundo a denúncia, ele teria "recebido ou adquirido, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal", sem o devido licenciamento. Ele também já foi responsável técnico de siderúrgica em Marabá multada pelo Ibama.

Indicado pelo senador paraense Zequinha Marinho (PL), então apoiador de Bolsonaro e líder da bancada evangélica, Rafael Juliano havia assumido a coordenação do órgão ambiental no estado em 2022, depois da exoneração do coronel aposentado da PM de São Paulo, Washington Luís Rodrigues.

Washington Rodrigues foi outro superintendente envolvido em polêmica durante o governo Bolsonaro, após a Polícia Federal deflagrar a operação Gold Rush, que identificou carga de 39 kg de ouro na região garimpeira Água Branca, em Itaituba, no sudoeste do Pará.

Segundo as investigações, a empresa havia extraído mais de R$ 1 bilhão em ouro de Unidade de Conservação Federal, com licença ambiental irregular, e explorado 32 vezes mais do que o declarado.

Após a operação, mensagens mostraram o ex-presidente do Ibama Eduardo Bim fazendo pressão para que Washington derrubasse embargos contra a mineradora investigada pela PF.

Antes de Washington, outro coronel assumia o cargo no Pará. Evandro Cunha também foi nomeado por Salles e foi exonerado após ter afirmado que iria parar a destruição de equipamentos apreendidos em garimpos ilegais.

A declaração do coronel foi feita em Altamira, no sudoeste do Pará — um dos municípios maior índice de desmatamento e crimes ambientais do país.


Um documento da coordenação geral do próprio Ibama criticou a postura do

ex-superintendente Cunha, apontando "desconhecimento sobre a legislação vigente, que autoriza a destruição dos equipamentos usados em garimpos ilegais", além de "elevar riscos a agentes que atuam na região".

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